Papa Francisco com criança no colo | Pixabay
Papa
Francisco nos convida a repensar o mundo "à luz do bem comum"
Élio Gasda*
Essa
é a provocação da mensagem para o Dia Mundial da Paz 2023. Papa Francisco
convida a refletir a partir das lições deixadas pela pandemia e pela guerra da
Ucrânia. Momentos difíceis podem despertar caminhos de justiça e paz: “...
embora apareçam tão trágicos os acontecimentos da nossa existência sentindo-nos
impelidos para o túnel obscuro e difícil da injustiça e do sofrimento, somos
chamados a manter o coração aberto à esperança...”.
Desanimar
jamais! É preciso “ser como sentinelas capazes de vigiar vislumbrando as
primeiras luzes da aurora, sobretudo nas horas mais escuras”.
“É
hora de pararmos para nos interrogar, aprender, crescer e deixar transformar”.
Francisco destaca que apesar de passados 3 anos, a pandemia continua provocando
sérias consequências. “Não podemos esquecer como a pandemia atingiu pontos
sensíveis da ordem social e econômica, pondo a descoberto contradições e
desigualdades. Ameaçou a segurança laboral de muitos e agravou a solidão...”
A
pandemia derrubou a economia mundial. No Brasil as consequências permanecem. Em
2022, o desemprego se mantém com taxa média de 9,1%. A precariedade do trabalho
não para de aumentar e a informalidade atinge 40 milhões de pessoas. O IPCA
(índice de preços ao consumidor) de 12,13%, inflação em alta, e preços da cesta
básica impraticáveis.
A
covid-19 já provocou cerca de 700 mil mortes e deixou mais de 40 mil crianças e
adolescentes brasileiros órfãos (Fundação Oswaldo Cruz). “Efeitos de longa
duração – um mal-estar geral que se concentrou no coração de tantas pessoas e
famílias”.
Dificilmente
existe progresso em clima de “sentimento de derrota e amargura”, ao contrário,
podem provocar “conflitos sociais, frustrações e violências”. A pandemia fez
“emergir inumeráveis fragilidades”. É fundamental nos questionar: “O que
aprendemos com esta pandemia? Quais são os novos caminhos que deveremos
empreender para romper com as correntes dos nossos velhos hábitos, estar melhor
preparados, ousar a novidade? Que sinais de vida e esperança podemos individuar
para avançar e procurar tornar melhor o nosso mundo?”
Para
Francisco, a pandemia deixa como legado “a consciência de que todos precisamos
uns dos outros, que o nosso maior tesouro, e mais frágil, é a fraternidade
humana, fundada na filiação divina comum, e que ninguém pode salvar-se
sozinho”. É urgente recuperamos os valores universais que pavimentam o caminho
para os direitos humanos e a fraternidade.
A
pandemia trouxe “descobertas positivas: brotou mais forte a consciência que
convida a todos, povos e nações, a colocar de novo no centro a palavra
‘juntos’... juntos, na fraternidade e solidariedade, que construímos a paz,
garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos... a paz que
nasce do amor fraterno e desinteressado nos pode ajudar a superar as crises
pessoais, sociais e mundiais”.
Além
da pandemia, aponta Francisco, “se abateu sobre a humanidade uma nova e
terrível desgraça... a guerra na Ucrânia ceifa vítimas inocentes e espalha a
incerteza”. São milhares os mortos de militares e civis. A guerra afeta a todos
de forma generalizada. O prolongamento do conflito está levando o mundo à novas
crises.
“Para
a Covid-19 se encontrou uma vacina, para a guerra ainda não se encontraram
soluções adequadas. Com certeza, o vírus da guerra é mais difícil de derrotar
do que aqueles que atingem o organismo humano, porque o primeiro não provém de
fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado (Marcos 7,
17-23).”
Diante
da noite escura, Papa Francisco nos convida a repensar o mundo “à luz do bem
comum, com um sentido comunitário, como um ‘nós’ aberto à fraternidade
universal”. Os interesses pessoais devem ser abandonados “em prol da cura da
nossa sociedade e do planeta, criando as bases para um mundo mais justo e
pacífico, ...na busca do bem que seja verdadeiramente comum”.
Para
enfrentar os desafios é preciso entender que “tudo está interligado”: “as
variadas crises morais, sociais, políticas e econômicas ... encontram-se todas
interligadas, os problemas... são causa ou consequência do outro”.
Assim,
“devemos repassar o tema da garantia da saúde pública para todos; promover
ações de paz para acabar com os conflitos e as guerras que continuam a gerar
vítimas e pobreza; cuidar de forma concertada da nossa casa comum e implementar
medidas eficazes para fazer face às alterações climáticas; combater o vírus das
desigualdades e garantir o alimento e um trabalho digno para todos”.
A
fome é um escândalo, ressalta o bispo de Roma. Para superá-la são urgentes
“políticas adequadas, acolhimento e integração, especialmente dos migrantes e
daqueles que vivem como descartados em nossa sociedade. Somente assim
“poderemos construir um mundo novo e contribuir para edificar o Reino de Deus,
Reino de amor, justiça e paz”. Juntos!
Felizes
os que trabalham pela paz! (Mt 5,9).
DomTotal
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