Papa Francisco na Basílica de Santa Sabina na Celebração
Eucarística com o rito de imposição das cinzas
Na homilia desta Quarta-feira de
Cinzas, Francisco convidou os fiéis a percorrerem as sendas da oração, do jejum
e da esmola não como ritos exteriores, mas como comportamentos que renovam o
coração.
Bianca Fraccalvieri - Vatican
News
"Queridos irmãos e irmãs,
inclinemos a cabeça, recebamos as cinzas, tornemos leve o coração":
palavras do Papa Francisco na homilia da missa celebrada na Basílica de Santa
Sabina, nesta Quarta-feira de Cinzas.
Como é tradição, a cerimônia teve
início com a procissão penitencial que partiu da Igreja de Santo Anselmo, com a
participação de cardeais, bispos, monges beneditinos, padres dominicanos e
fiéis.
Ao final da procissão, teve lugar a
Celebração Eucarística com o rito da bênção e imposição das cinzas.
Regressar
à verdade de nós mesmos
Em sua homilia, o Pontífice recordou
que a Quaresma é o tempo favorável para regressar ao essencial e neste caminho
de regresso, fez um convite aos fiéis: regressar à verdade de nós
mesmos e regressar a Deus e aos irmãos.
Antes de mais nada, as cinzas
nos recordam quem somos e de onde viemos: só o Senhor é Deus e nós somos obra
das suas mãos. Mas muitas vezes nos esquecemos que viemos da terra e precisamos
do Céu e que sem Ele, somos só pó:
“Por isso a Quaresma é o tempo
para nos lembrarmos quem é o Criador e quem é a criatura, para proclamar que só
Deus é o Senhor, para nos despojarmos da pretensão de nos bastarmos a nós
mesmos e da mania de nos colocar no centro, ser o primeiro da turma, pensar que
podemos, meramente com as nossas capacidades, ser protagonistas da vida e
transformar o mundo que nos rodeia.”
Quantas desatenções e
superficialidades nos distraem daquilo que conta, acrescentou Francisco,
lembrando que a Quaresma é "um tempo de verdade", para fazer cair as
máscaras que pomos todos os dias a fim de aparecer perfeitos aos olhos do
mundo; para lutar – como nos disse Jesus no Evangelho – contra as falsidades e
a hipocrisia: não as dos outros, mas as nossas.
Regressar
a Deus e aos irmãos
Voltando à verdade de nós mesmos,
podemos dar o segundo passo, que é regressar a Deus e aos irmãos.
"Existimos apenas graças às
relações: a relação primordial com o Senhor e as relações da vida com os
outros. Assim, a cinza que recebemos sobre a cabeça, nesta tarde, diz-nos que
toda a presunção de autossuficiência é falsa e que idolatrar o eu é opção
destrutiva, fecha-nos na jaula da solidão."
Para Francisco, a Quaresma é o tempo
propício para reavivar as nossas relações com Deus e com os outros e isso pode
ser feito através da esmola, da oração e do jejum. Todavia, Jesus adverte que
não se trata de ritos exteriores, mas de comportamentos que devem expressar uma
renovação do coração.
“A esmola não é um gesto,
cumprido rapidamente, para deixar a consciência limpa, mas tocar, com as
próprias mãos e as próprias lágrimas, os sofrimentos dos pobres; a oração não é
mero ritual, mas diálogo de verdade e amor com o Pai; o jejum não é um simples
sacrifício, mas uma atitude forte para lembrar ao nosso coração aquilo que
conta e, ao contrário, o que passa.”
Aos gestos exteriores, disse ainda o
Papa, deve corresponder sempre a sinceridade da alma e a coerência das obras.
Na vida pessoal, como aliás na vida da Igreja, não contam a exterioridade, os
juízos humanos e a aprovação do mundo; conta apenas o olhar de Deus. Assim, a esmola,
a oração e o jejum nos permitem expressar quem realmente somos: filhos de Deus
e irmãos entre nós.
Jesus,
o único que nos faz ressurgir das cinzas
"Queridos irmãos e irmãs,
inclinemos a cabeça, recebamos as cinzas, tornemos leve o coração",
concluiu o Pontífice.
“Não desperdicemos a graça
deste tempo sagrado: fixemos o olhar em Jesus crucificado e caminhemos
respondendo generosamente aos fortes apelos da Quaresma. No final do percurso,
encontraremos com maior alegria o Senhor da vida, o único que nos fará
ressurgir das nossas cinzas.”
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário