quarta-feira, 10 de maio de 2023

APARIÇÕES DE MARIA COM “CASTIGOS DE DEUS” SÃO “FALSAS”

“Será que uma mãe quer castigar os seus filhos, enviando-lhes doenças, a morte…? Nem pensar. Por isso, as aparições que falam de castigos de Deus são absolutamente falsas”
As aparições de Maria que falam de castigos de Deus” são absolutamente falsas”, afirma o padre franciscano Stefano Secchin, presidente da Pontifícia Academia Mariana Internacional (PAMI), em entrevista a Alfa & Omega, uma publicação de informação católica vinculada ao Arcebispado de Madrid.
O presidente da PAMI falava sobre o trabalho de um projeto que acaba de ser apresentado pela Academia – o Observatório Internacional das Aparições e Fenómenos Místicos ligados à Virgem Maria – que visa, entre outros objetivos, “aconselhar as igrejas locais e os bispos sobre os casos em estudo, sempre em contacto com instituições académicas, tanto seculares como eclesiásticas”.
Sempre que surgem casos de aparições, explica Stepfano Secchin, eles “são examinados de forma interdisciplinar, numa perspectiva científica”, por uma comissão composta por médicos, advogados, psicólogos…
Aspetos como a moralidade dos videntes, o seu estado físico e mental ou a existência de condicionamentos ou interesses externos são passados à lupa. Com base na informação recolhida, cada membro da comissão pronuncia-se por escrito e emite o seu voto, positivo ou negativo. De seguida, “este material é entregue ao bispo, para que ele decida”, esclarece o presidente do PAMI.
A acompanhar o trabalho desta Comissão, está uma Comissão Científica, composta por 14 especialistas, entre os quais o diretor do departamento de Estudos do Santuário de Fátima.
Os bispos, a quem cabe a decisão final, são os primeiros a carecer deste tipo de peritagem e a necessitar de suporte sólido para a decisão a tomar, segundo o frade franciscano. “Muitas vezes, explica, eles são confrontados com situações destas e não sabem o que fazer, não estão preparados. Ou negam o fenómeno, ou são demasiado rápidos a dar-lhe um ar positivo; outras vezes são muito condescendentes”.
O Observatório foi criado, precisamente, como resposta a todos os problemas e confusões criados por algumas falsas aparições”, que o entrevistado tipifica: “gente que se quer aproveitar da credulidade das pessoas e da sua dor”, e até “máfias, que sabem que os santuários são uma fonte de dinheiro”.
Desde 1978 que a Santa Sé adotou um protocolo de “regras claras” para lidar com a situação. As suspeitas de falsidade podem vir de vários fatores. “Mas há sinais de alerta”, diz o diretor do Observatório., que exemplifica: “Será que uma mãe quer castigar os seus filhos, enviando-lhes doenças, a morte…? Nem pensar. Por isso, as aparições que falam de castigos de Deus são absolutamente falsas”.
Secchin, ele próprio doutorado em Mariologia, refere que a Pontifícia Academia Mariana é um organismo que depende diretamente da Cúria Romana, com competência específica no assunto da figura de Maria, contando com académicos acreditados pela Santa Sé.
Perguntado sobre o papel do Papa nestes processos, o presidente esclarece que ele não tem necessidade de aprovar ou não as aparições, uma vez que se trata de “revelações privadas”, que “não acrescentam nem diminuem as revelações públicas”. Adianta, por outro lado, que, enquanto para a Igreja “existem aparições e fenómenos místicos”, “no campo do Direito Canónico, a palavra aparição não existe”; no discurso jurídico o que existe é o “lugar de peregrinação”. São coisas diferentes, como se pode ver no caso Medjugorje, no Sul da Bósnia e Herzegovina, em que a aparição não seja aprovada e o lugar de peregrinação seja.
 
Fátima participa no observatório através do diretor do museu
O diretor do departamento de estudos do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte, é uma das 14 personalidades que integram o comité científico central do Observatório Internacional sobre as Aparições e os Fenómenos Místicos ligados à figura da Virgem Maria recentemente criado pelo Vaticano.
De acordo com comunicado enviado pelo santuário à redação do 7MARGENS, Marco Duarte é doutorado em História de Arte e dirige o museu, o arquivo e a biblioteca do Santuário de Fátima.
O Observatório que Marco Duarte vai integrar foi apresentado em Roma, no dia 3 de maio e visa, segunda a agência Vatican News “fornecer apoio  académico interdisciplinar envolvendo teologia, medicina mariológica, comunicação, medicina e direito”, e também “formar agentes pastorais e agentes dos média”, estando, “acima de tudo, ao serviço dos mais frágeis e mais facilmente enganados.
O Observatório tem, assim, a missão de “analisar e interpretar situações diversas relacionadas com aparições, sejam as já reconhecidas pela Igreja sejam as que ainda carecem de pronunciamento sobre a sua autenticidade” com o objetivo de “ajudar a formar um conhecimento crítico” sobre as aparições relatadas.
 
Há quem tema por Fátima e outros locais de aparições
Setores tradicionalistas têm-se manifestado contra a orientação da Academia Mariana impulsionada pelo padre Secchin e, particularmente, contra as declarações acerca dos “castigos de Deus” como critério de falsidade das aparições.
Num artigo publicado no site InfoCatolica, repleto de comentários ofensivos para aquele responsável da Academia Mariana e para o próprio Papa, comenta-se, sem contextualizar, que, se esse fosse um critério, Fátima, Akita e La Salette “seriam falsas”. Cabe perguntar se pensam declarar falsas as aparições nesses três locais, diz-se no site.
O texto cita, depois, as alegadas palavras proferidas por Maria, na terceira aparição de Fátima, em 13 de julho de 1917, sobre “o grande sinal de Deus” de que “vai castigar o mundo pelos seus crimes, através da guerra, da fome e da perseguição à Igreja e ao Santo Padre”; em Akito, no Japão, sobre “o Pai Celestial” que “se prepara para infligir um castigo sobre toda a humanidade”, para que este “conheça a sua ira”; e ainda em La Salette, nos Alpes franceses, em meados do séc. XIX, sobre a “mão pesada de Jesus” sobre a gente que não cumpria os mandamentos de Deus nem os da Igreja.
 
 Fonte:setemargens


 

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