"Permanecer fiel ao que conta,
custa", afirmou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do
Angelus deste domingo (25), como também custa "se libertar do
condicionamento do pensamento comum, custa ser deixado de lado por quem 'segue
a onda'". O que importa realmente, segundo Jesus e alertado pelo Papa,
"é não jogar fora o bem maior, ou seja, a vida. Não jogar fora a vida. Só
isso deve nos assustar".
Ouça
a reportagem com a voz do Papa e compartilhe
Andressa Collet - Vatican News
No primeiro domingo (25) de verão
deste ano na Praça São Pedro, um grande número de peregrinos se reuniu para
rezar com o Papa a oração mariana do Angelus. Francisco fez uma reflexão a
partir do Evangelho do dia, quando Jesus repete aos discípulos por três
vezes: "Não tenhais medo" (Mt 10:26, 28, 31). Uma referência às
perseguições que teriam de enfrentar por causa do Evangelho, "uma
realidade que é atual ainda hoje", acrescentou Francisco, e que
"parece paradoxal: a proclamação do Reino de Deus é uma mensagem de paz e
justiça, fundada na caridade fraterna e no perdão, e ainda assim encontra
oposição, violência e perseguição". Mesmo assim, a orientação de Cristo é
não deixar que o medo paralise, mas temer por outra coisa, que o Papa explica a
partir da imagem do vale da "Geena" (cf. v. 28), o grande depósito de
lixo de Jerusalém:
“Jesus fala dele para dizer que
o verdadeiro medo que se deve ter é aquele de jogar fora a própria vida. E
sobre isso Jesus diz: 'sim, tenham medo disso'.”
"Como se dissesse: não se
deve ter tanto medo de sofrer mal-entendidos e críticas, de perder prestígio e
vantagens econômicas para permanecer fiel ao Evangelho, mas de desperdiçar a
existência correndo atrás de coisas triviais, que não enchem a vida de
significado. E isso é importante para nós. Também hoje, de fato, alguém pode
ser ridicularizado ou discriminado se não seguir certos modelos da moda que, no
entanto, muitas vezes colocam realidades de segunda categoria no centro: por
exemplo, seguir as coisas em vez das pessoas, o desempenho em vez das
relações."
Permanecer fiel ao que conta, custa
O Papa, então, deu exemplos: dos
pais que precisam se dividir em trabalhar para o sustendo da família e o
tempo para ficar com os filhos; dos sacerdotes e religiosas que devem estar
comprometidos com o serviço, mas dedicando tempo a Jesus; e dos jovens, com
"mil compromissos e paixões: a escola, o esporte, interesses diversos, os
celulares e as redes sociais, mas precisam encontrar as pessoas e organizar
grandes sonhos". Tudo isso implica "alguma renúncia diante dos ídolos
da eficiência e do consumismo", disse Francisco, mas de suma importância
para não se perder nas coisas que depois acabam sendo "jogadas fora, como
se fazia naquela época em Geena":
“E na Geena de hoje, ao
contrário, muitas vezes são as pessoas que acabam ali: pensemos nos últimos,
muitas vezes tratados como material de descarte e objetos indesejados.
Permanecer fiel ao que conta, custa; custa ir contra a maré, custa se libertar
do condicionamento do pensamento comum, custa ser deixado de lado por quem
"segue a onda". Mas não importa. Jesus diz: o que importa é não jogar
fora o bem maior, ou seja, a vida. Não jogar fora a vida. Só isso deve nos
assustar.”
Do que eu tenho medo?
Ao finalizar a alocução que precedeu
a oração mariana do Angelus deste domingo (25), o Papa convidou os peregrinos
presentes na Praça São Pedro a se questionarem onde realmente vive o medo de
cada um:
"Perguntemo-nos então: eu,
do que tenho medo? De não ter o que eu gosto? De não atingir as metas que a
sociedade impõe? Do julgamento dos outros? Ou de não agradar ao Senhor e de não
colocar em primeiro lugar o seu Evangelho? Maria, sempre Virgem, Mãe Sábia,
ajude-nos a sermos sábios e corajosos nas escolhas que fizermos."
Fonte:Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário